Normalidade física ou psíquica; qualidade ou estado de são; conjunto de condições que conduzem ao bem-estar e à saúde. Essas são três frases que podem significar o que é sanidade. Agora, a questão do quanto vale é uma resposta que não achei no dicionário.
Pois bem. Sabe medir quanto vale sua sanidade? Sabe monetizar o quanto custa sua tranquilidade, principalmente em momentos de possível crise familiar? Apesar de não ter a mínima ideia da conclusão, nas últimas semanas passei a me questionar isso.
Há quase um mês, precisei dormir duas noites em um hospital para acompanhar minha mãe, que precisou ficar internada depois de ter um acidente vascular cerebral (AVC). Na primeira noite, levei uma mochila com roupas, um livro e um computador. Afinal, o dia seguinte era uma sexta-feira, ou seja, um dia “útil”, um dia que eu deveria trabalhar.
Na sexta de manhã, enquanto minha mãe estava na cama aguardando para fazer exames, eis que digo à minha chefe, enquanto estou sentada no mesmo sofá que dormi – ou tentei dormir – na noite anterior. “Oi! Estou disponível, pode me passar as demandas que você tiver”. Por sorte ou compaixão, não sei ao certo, ela não passou nada. E ficou assim, um dia com zero produtividade profissional.
Depois que voltei para casa – graças a Deus minha mãe recebeu alta depois de confirmarmos que ela estava fora de risco e já bem medicada – fiquei pensando o terror que é estar numa situação assim, em que um familiar do maior grau de importância precisa dos seus cuidados, ou pelo menos da sua companhia, e mesmo assim passam pela sua cabeça coisas como “Vou ter que matar o serviço hoje. Será que posso ser demitida por isso?”.
Todo mundo já sabe que essa inquietação e a grande necessidade de sermos extremamente produtivos todos os dias acaba por provocar consequências bem ruins, como Síndrome de Burnout, crises de ansiedade e diversas outras coisas. Mas isso aí provavelmente a maioria de nós só ouviu falar, não sentiu na pele ainda – o que não quer dizer que não sentiremos em um futuro bem próximo ou que já vivemos isso e normalizamos.
Enfim, diante de todo o contexto pavoroso que vivemos, pandemia que não acaba nunca, números altíssimos de mortes, salário ficando pequeno diante da inflação, ainda vem a pressão de sermos trabalhadores eficientes o tempo todo, independente do que aconteça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, essa pressão vem de nós mesmos por medo de perdermos nossos lugares, mesmo que seja em uma situação inesperada e incontrolável.